SECRETARIA NACIONAL DE FORMAÇÃO POLÍTICA DO PCB
Conforme definem as Resoluções da Conferência Nacional de Organização,
realizada em 2008:
“O PCB é um partido revolucionário que visa à conquista do poder político pelo
proletariado e os trabalhadores em geral, em aliança com parte das camadas
médias, a intelectualidade e a juventude comprometidas com a luta
revolucionária, para a construção de uma sociedade socialista, através da
ruptura do capitalismo, na perspectiva do comunismo. Sua base teórica para a
ação é o Marxismo-Leninismo, em toda a sua atualidade, riqueza e diversidade.
A visão de mundo do PCB e sua forma de organização têm por base as
referências teóricas de Marx, Engels, Lênin e outros pensadores
revolucionários. Essas referências, no entanto, não são dogmas nem
manuais, sobretudo no que se refere às formas de luta e de organização, que
devem subordinar-se à política e às condições reais em que se dá a luta de
classes, em cada momento histórico, em cada país e em cada contexto. A teoria
revolucionária do PCB, portanto, não é cópia mecânica de qualquer modelo
transposto para nosso país.”
“O PCB se define como um partido de militantes e quadros
revolucionários, que se vão formando na luta de classes, no processo de
organização do proletariado, no estudo teórico do marxismo, da realidade
brasileira e mundial e na perspectiva da construção da sociedade socialista,
rumo ao comunismo. Este conceito define com mais precisão o que vínhamos
denominando partido de quadros, expressão que pode passar uma conotação
elitista, artificial e até inibidora para o recrutamento. A necessária e desejável
formação de quadros é parte da militância comunista e não pré-requisito para
ingressar no Partido.”
Buscando avançar na construção do partido revolucionário que necessitamos
nesta quadra do processo histórico brasileiro e mundial e para que o PCB se
transforme de fato num instrumento organizador da luta contra-hegemônica na
sociedade capitalista, torna-se cada vez mais premente que o trabalho de
formação política, ideológica e teórica da nossa militância seja planejado
nacionalmente pelo Comitê Central e aplicado de forma sistemática e criativa
pelos organismos de base do nosso Partido.
Segundo ainda a Resolução da Conferência Nacional de Organização do PCB,
em seu parágrafo 112, “o militante comunista, independente de sua origem de
classe, deve ser um intelectual orgânico, no sentido de estudar, ser
organizado e organizar as classes trabalhadoras e possuir um estreito vínculo
com os objetivos táticos e estratégicos do proletariado”. Portanto, a
preocupação teórica do militante e do dirigente comunista deve estar voltada,
fundamentalmente, para o atendimento prático de suas tarefas e atividadesrevolucionárias e não para o cultivo diletante de conhecimentos abstratos. O
Partido Comunista é um instrumento a serviço da ação revolucionária e do
projeto político do proletariado de construção do socialismo. Mas, para tal,
precisa desenvolver o estudo teórico do marxismo e aprofundar o conhecimento
sobre a realidade na qual intervém de forma coletiva e organizada, pois não
pode ser confundido com um mero grupo de ativistas do movimento social,
tampouco com uma academia de intelectuais, voltada a debater as grandes
questões do universo, sem se envolver nas lutas cotidianas dos trabalhadores.
A aquisição do instrumental teórico necessário à interpretação da cada vez mais
complexa realidade contemporânea só faz sentido, portanto, se for usada como
uma orientação superior capaz de conduzir a intervenção revolucionária da
militância no mundo de hoje, nos marcos das resoluções estratégicas e táticas
do nosso Partido. Parafraseando Lênin: “A análise concreta da realidade
concreta constitui a alma, a essência mesma do marxismo”.
A proposta política de formação e promoção de quadros está definida
da seguinte forma nas Resoluções da Conferência Nacional de
Organização do PCB (item 10):
“a - Curso de Iniciação Partidária, voltado para os recrutandos e os
militantes mais recentes;
b - Programa Nacional de Formação de Base, que apresente um
programa comum de cursos de base a serem oferecidos aos militantes;
c - Programa Nacional de Formação, que apresente cursos de
aprofundamento teórico dos temas centrais que embasem nossas
formulações e concepções políticas estratégicas;
d - Plano de Estudos Coletivos, que envolva o conjunto da militância;
e - Plano de Estudos Avançados, voltado para quadros selecionados pelo
CC;
f - Cursos de Cultura Geral, voltados para a complementação cultural da
militância e de simpatizantes.
O Curso de Iniciação Partidária será baseado em textos introdutórios da
teoria do marxismo-leninismo preparados por uma Comissão específica
designada pela Secretaria de Formação Política do Comitê Central e ministrado
por monitores indicados pelos Comitês Regionais e preparados pelo Comitê
Central. A história do PCB, seus objetivos e princípios organizativos terão
destaque nesse Curso, que terá padrão nacional. A partir da implantação deste
curso, somente poderão ser admitidos no Partido os aspirantes que dele
tenham participado.
O Programa Nacional de Formação de Base será composto de atividades de
formação que tenham por objetivo socializar as bases que fundamentam nossa
visão de mundo e nossas formulações estratégicas e táticas, como cursos sobre
o funcionamento da sociedade capitalista, os fundamentos do marxismo, a
proposta socialista, etc; assim como instrumentalizar a militância através deatividades como cursos de comunicação e expressão, como fazer análises de
conjuntura, noções de organização e outras.
O Programa Nacional de Formação será composto por atividades de
aprofundamento e como parte de um programa permanente combinado ao
programa de formação de base, composto de temas de Filosofia e fundamentos
do marxismo, noções introdutórias de teoria política, economia, história das
lutas proletárias internacionais e compreensão da formação social brasileira em
seus aspectos históricos, da estrutura de classes, do Estado, da cultura e outros
aspectos relevantes, como destaque para as diversas estratégias que os
trabalhadores utilizaram em nossa história na busca de um alternativa
revolucionária.
O Plano de Estudos Coletivos será a leitura obrigatória de um ou mais
textos, por semestre, indicados pela Secretaria de Formação Política do CC, ad
referendum da Comissão Política Nacional do PCB, com discussão política
obrigatória em todos os organismos partidários, podendo os círculos de
estudos, a critério das direções respectivas, serem abertos a convidados.
Dentre os textos a serem selecionados, deverão merecer destaque os principais
clássicos do marxismo, resoluções dos Congressos e do CC do PCB.
O Plano de Estudos Avançados será ministrado a quadros selecionados pelo
Comitê Central, com acompanhamento de membros do CC destacados
especificamente e tratará de temas relevantes e polêmicas centrais que digam
respeito aos desafios práticos e teóricos que o Partido deve enfrentar.
Cursos de Cultura Geral: Além dos cursos de formação política propriamente
dita, as direções intermediárias devem voltar a praticar uma antiga tradição de
nosso Partido, abrindo em suas sedes cursos de cultura geral, em que alunos e
professores serão militantes ou simpatizantes, que igualmente se enriquecerão
com a experiência. Esses cursos poderão tratar de vários temas, em função da
disponibilidade de palestrantes especializados e até mesmo das condições
regionais, mas é fundamental que, em seu programa mínimo, não deixem de
constar disciplinas como Português, História (geral, do Brasil, do movimento
operário-sindical e do PCB) e Noções de Direito e Economia. Seria conveniente
que cada um desses cursos de Cultura Geral adote como denominação o nome
de algum camarada falecido, como homenagem e exemplo de vida.”
Para a aplicação do Curso de Iniciação Partidária, voltado aos recrutandos e
militantes mais novos do PCB, sugerimos, como ponto de partida para o
conhecimento das formulações e conceitos básicos do marxismo, a utilização
dos textos disponibilizados na página do PCB na internet, na subseção intitulada
“Iniciação Partidária”, na parte dedicada à Formação Política, textos estes que
introduzem elementos da teoria marxista, assim como análises acerca da
formação e do desenvolvimento da sociedade capitalista: “O Papel Social do
Trabalho”, “Modos de Produção”, “Classes Sociais e Luta de Classes”, “Estado e
Revolução”, “Formação Histórica do Capitalismo”, “Capitalismo Monopolista eImperialismo”, “Neoliberalismo” e “Introdução ao Materialismo
Histórico/Dialético”. Trata-se de textos elaborados por membros da Secretaria
Nacional de Formação Política, a partir dos manuais existentes introdutórios ao
pensamento marxista. Tais textos apresentam os fundamentos de nossa
tradição de pensamento aos não iniciados, ou seja, àqueles que ainda não
tiveram a oportunidade de avançar nos estudos e leituras sobre as bases
conceituais e teóricas da política dos comunistas.
O Programa Nacional de Formação de Base, voltado à promoção de cursos
básicos para a militância geral do Partido, com o aprofundamento das temáticas
e concepções fundamentais da teoria marxista e das resoluções estratégicas do
PCB, poderá ser aplicado a partir de textos clássicos do marxismo e dos
documentos orientadores da práxis do militante do PCB: as Resoluções da
Conferência Nacional de Organização e o Livro com as Resoluções do XIV
Congresso Nacional do PCB.
Propomos, como introdução ao estudo do pensamento marxista, a leitura e
análise pormenorizada de O Manifesto Comunista, com a devida
contextualização histórica da produção deste documento, considerado o marco
fundamental da perspectiva revolucionária e classista do proletariado na luta
contra o capitalismo. Na acepção de José Paulo Netto, o Manifesto expressou,
no plano teórico-político, uma marcante viragem histórica: é nele que se
apresentava, pela primeira vez, um projeto sócio-político explícita e
organicamente integrado a uma perspectiva de classe e nela embasado,
acompanhando, no nível teórico e político, os eventos de 1848, os quais, no
plano prático, trouxeram ao cenário político e social uma classe que começava
de fato a viabilizar a emergência de um projeto autônomo e revolucionário do
proletariado. Mais exatamente, a revolução de 1848 propiciava a autopercepção
classista do proletariado. Até então, frequentemente as demandas dos
segmentos vinculados ao trabalho apareciam indistintas dos projetos
burgueses, subsumidas na aspiração revolucionária da igualdade, da
fraternidade e da liberdade, pois a frente social emancipadora surgida com os
movimentos que desembocariam na Revolução Francesa envolvia o conjunto do
terceiro estado. Sugerimos, para o trabalho de interpretação em grupo d’O
Manifesto, a leitura anterior (a ser feita pelo dirigente responsável pelo curso)
do artigo de José Paulo Netto Elementos para uma leitura crítica do Manifesto
Comunista.
Em sequência, propomos a leitura e análise de textos clássicos, isto é, textos
que apresentam, em primeira mão, concepções e princípios teóricos
fundamentais elaborados pelos fundadores da política comunista, sem o recurso
a manuais simplificadores ou a intermediários, que sempre são passíveis de
leituras e interpretações mais ligeiras acerca de tais formulações.
Apresentamos, pois, a seguinte relação de textos para o curso (que poderá ser
acrescida de outros):
Netto, José Paulo. Elementos para uma leitura crítica do Manifesto Comunista.https://www.scribd.com/doc/28054401/Elementos-Para-Uma-Leitura-CrticaDo-Manifesto-Comunista-Jos-Paulo-Netto
Marx, Karl e Engels, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista.
https://www.marxists.org/portugues/marx/1848/ManifestoDoPartidoComuni
sta/index.htm
Lenine, Vladimir Ilitch. O Que Fazer Para Aprender o Comunismo?
https://www.marxists.org/portugues/lenin/1920/10/05.htm
Engels, Friederich. Princípios Básicos do Comunismo.
https://www.marxists.org/portugues/marx/1847/11/principios.htm
Engels, Friederich. Do Socialismo Utópico ao Socialismo Cientifico - O Materialismo
Histórico.
https://www.marxists.org/portugues/marx/1880/socialismo/cap03.htm
Luxemburgo, Rosa. A Teoria Marxista e o Proletariado.
https://www.marxists.org/portugues/luxemburgo/1903/03/14.htm
Marx, Karl. A Ideologia Alemã.
https://pcb.org.br/portal/docs/aideologiaalema.pdf
Gramsci, António. Marx e o Reino da Consciência.
https://www.marxists.org/portugues/gramsci/1918/mes/marx.htm
Como proposta de metodologia a ser utilizada na aplicação dos cursos de
Iniciação Partidária e de Formação de Base, sugerimos que sejam formadas
turmas de, no máximo, 12 (doze) militantes por vez, evitando os grandes
encontros e a dispersão dos participantes. As sessões de estudos/aulas deverão
ocorrer a cada 7 ou 15 dias, tempo necessário para a leitura prévia dos textos
pelos participantes e poderão ser divididas em quatro momentos: 1) o
momento inicial da apresentação do teórico marxista e da contextualização do
texto pelo professor/instrutor/monitor do curso; 2) o momento da exposição
do(s) texto(s) por um ou dois participantes do curso; 3) o momento da
discussão do texto pelo conjunto dos militantes (com formulação de
questionamentos, pedidos de esclarecimentos, interpelações, etc.); 4) as
considerações conclusivas da sessão pelo professor/instrutor/monitor.
A ESCOLA NACIONAL DE QUADROS DO PCB
Entendemos que o Programa Nacional de Formação, com a aplicação de
formulações e concepções políticas estratégicas, conforme previsto na
Resolução de Organização, é uma tarefa a ser desempenhada pela Escola
Nacional de Quadros, a ser criada pela Secretaria Nacional de Formação Política
do PCB. Tal Escola deverá reunir, anualmente, em local reservado e distante do
burburinho dos grandes centros urbanos, a militância mais destacada do Partido
em nível nacional, selecionada pela Comissão Política do Comitê Central,
integrando turmas compostas por de um a três militantes de cada Estado, para
um curso de nível mais avançado que os cursos de iniciação e de formação debase. Os militantes que comporão as turmas da Escola Nacional de Quadros
serão responsáveis por contribuir para o desenvolvimento e a difusão, nos
estados e municípios, do trabalho de formação política e teórica do Partido, em
ação conjunta com as secretarias de formação.
Para a primeira turma da Escola Nacional de Quadros, estamos propondo uma
programação de encontros de estudos, que serão dirigidos pelos membros da
Secretaria Nacional de Formação Política do PCB, durante oito dias
consecutivos, em data e local a serem definidos pelo Comitê Central. O projeto
do curso, elaborado pelo camarada Mauro Iasi, prevê que sejam ministradas
aulas abordando os seguintes temas:
1) Introdução ao Pensamento de Marx;
2) A questão do método: Materialismo Dialético;
3) A Crítica da Economia Política;
4) O desenvolvimento do capitalismo no Brasil;
5) História do PCB e suas formulações estratégicas;
6) Bases teóricas das formulações estratégicas e táticas do XIV Congresso.
Conforme destacado na Resolução da Conferência Nacional de Organização, a
Fundação Dinarco Reis (FDR) deverá ocupar um papel de relevo em toda a
política de formação de quadros do PCB. Para tal, deverá desenvolver um
planejamento financeiro, com a aprovação da Comissão Política do Comitê
Central, que preveja, dentre outras atividades essenciais para a difusão da linha
política do Partido, das concepções teóricas e posições ideológicas dos
comunistas, a consecução dos cursos a serem organizados pela Escola Nacional
de Quadros do PCB.
Quanto aos Planos de Estudos Coletivos e de Estudos Avançados, assim
como os Cursos de Cultura Geral previstos na Resolução da Conferência
Nacional de Organização, entendemos ser necessária uma discussão mais
aprofundada na Secretaria Nacional de Formação para a sua implementação
futura.
Ricardo Costa (Rico) – Secretaria Nacional de Formação Política do PCB